quinta-feira, 3 de março de 2011

O arco-íris encantado.

O salão em que ele estava trocava constantemente de cor. Por sua vista passavam os mais psicodélicos efeitos. Mesmo fechando os olhos, ele sentia uma estranha sensação, como se cada cor representasse um estado de espírito, e isso penetrava em sua mente profundamente. Ele não conseguia discernir o que era real do imaginário. Daí visualizou pessoas que cambaleavam, fazendo coreografias hipnóticas. Tudo aquilo não parecia fazer sentido algum.


Antes de cair na tentação de gemer sem sentir dor, ele corre feito um alucinado em busca da saída. Tropeça aqui e ali, derruba algumas pessoas no caminho, mas enfim ele consegue seu objetivo.

O ar um pouco mais puro do que aquele ambiente fechado entra com força em seus pulmões. Mesmo calibradas doses de gás carbônico são bem-vindas. Contudo, algo havia mudado nele.

As cores diferiam do que ele estava lembrado: 

O azul estava meio vermelho. O vermelho apresentava um amarelo intenso, enquanto o verde parecia mais um rosa.

Entretanto, ele não se deixou intimidar. 

"Basta ir para casa e ter uma boa noite de sono. Amanhã as coisas voltarão aos seus lugares."

Dia seguinte. Ao despertar, o homem percebe que tem companhia, sendo que não lembra de ter saído com ninguém após o espetáculo fotoelétrico. 

Ele aguarda um instante, admirando as belas curvas da moça.

"Bastardo sortudo! Se ao menos lembrasse do fato eu puderia comemorar com mais convicção."

Sentado, ele pensa. Mas não por muito tempo. Uns gemidos matinais alertavam o despertar. A garota se espreguiça e então olha para ele, que solta um grito curto. A moça tinha feições bem masculinas, além de um pomo de adão insinuante.

Ela/ele diz, tranquilamente, depois que o homem está encostado na parede, como se estivesse acuado:

"Azul não é vermelho, assim como amarelo não é rosa e nem verde é roxo."

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