terça-feira, 5 de julho de 2011

A jornada: a queda a jato.

...mas continue contando, o que senhor fez quando o chamaram de analfabeto?

Ninguém me chamou de analfabeto.

Não? Que estranho... Tem certeza?

Os resquícios que sobrara de minha paciência haviam enfim escoado pelo ralo.

Escuta aqui, moça: EU NÃO TE CONVIDEI PARA ANDAR COMIGO!! POR ISSO, DEIXE-ME EM PAZ!!

Ai que bruto! Tá bom! Tá bom!

Contudo, ela continua andando ao meu lado, concentrada, como se buscasse na memória alguma explicação para um fato qualquer.

Tem certeza MESMO?

Não resisti à curiosidade.

Do quê?

De que não te chamaram de analfabeto?

Pensei seriamente em enforcá-la, mas fui impedido deste ato vil quando ouvimos um baque surdo, próximo dali.

O que se passa?

Era um pássaro. Estava estatelado no chão. Definitivamente morto.


Logo em seguida, outros seguiram-no. Uma chuva sinistra de aves caiu diante de nós.

Meu Deus! Oh Meu Deus! Mas o que está havendo?!?

Ao fitar o galho de uma árvore balançando eu obtive a resposta.

É o gato a jato... EI!

Ele nos fitou.

É... Você mesmo! Não tem vergonha?

Ele deu de ombros. Daí então, iniciou uma sequência de sinais com as patas dianteiras. Infelizmente, eu não entendo libras. Infelizmente, a mulher entende. E ela não perde tempo na tradução.

Ele tá perguntando o que tá pegando?

Diga a ele que é cruel matar todos estes pássaros de susto! Se fosse pelo menos para comer... Mas por diversão!! Faça-me o favor!!

Quando a mulher encerra o conjunto de sinais, o gato sorri e some.

Se ele pudesse falar, diria: "Asas batendo, marcha de decolagem, turbinas e JÁ!!"

Gato miserável...! Bem... O mal que ele fez não pode ser desfeito, por isso, devo seguir em minha jornada.

Espere!

O que é, mulher!?!?

O senhor ainda não me respondeu o que fez quando o chamaram de analfabeto.

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