sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A natureza excedente.

Na vidraça do apartamento, um manto esmeralda de esperanças aguarda uma manifestação de apreço por parte do morador. Querem entrar na marra na vida deste senhor e ele não quer permitir. Não gosta do tom verde do bicho, detesta o bater-de-asas que o mesmo faz na sua impaciência em fixar-se num local. Além do mais, são muitas esperanças...

Ele achou: "logo logo elas iram se cansar. Se não forem embora, pelo menos não durarão muitos dias".

Mas o senhor se enganara em suas previsões. Já estava na terceira semana desde esta aparição e os bichos pareciam incansáveis. O que fazer então? Não queria contratar um exterminador, apesar da situação aparentemente anormal começar a preocupá-lo.

Ao sair do apartamento no dia seguinte, constatou que ele não era o único "privilegiado". Todas as casas estavam infestadas de esperanças.

"Meu bom Deus! Afinal, o que significa isso?!"

Apesar de perturbado, voltou para casa e, após um jantar solitário, assistiu um pouco de televisão e foi dormir.

No dia seguinte, receoso, o homem foi verificar a vidraça e, para sua surpresa e contentamento, todas as esperanças haviam desaparecido.

Ao empurrar a vidraça a fim de entrar um ar após tanto tempo cerrada, assustou-se com o surpreendente número de lagartixas na parade que se arrastaram para longe dali ao notarem a presença do senhor.

Ele fecha a vidraça célere e de imediato sua mente divaga: "Acho que esta situação tende a piorar..."


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