sábado, 22 de janeiro de 2011

O sonho do brasileiro.

No Brasil, mais do que em qualquer outro país, vê-se um número crescente de pessoas estudando para, desesperadamente, alcançarem o tão almejado cargo público.

Não! Você não entendeu! Eu quero é o Regimento Interno do TRT-PE, certo?

E no que isso resulta? Na simples constatação de que a grande maioria se especializa nisso, pois é decorrente do sucesso da aprovação com a consequente nomeação que poderão realizar sonhos pendentes, desejos que só serão feitos com total atenção assim que tiverem a estabilidade. Além disso, há todo uma cultura voltada exclusivamente para concursos, como livros especializados e cursinhos.

Estudar, estudar, estudar, estudar, estudar, dormir, estudar!

Às vezes, quando se alcança, não é o suficiente. É preciso passar em um melhor, que renda mais e mais dinheiro.

O que isso traz em pontos positivos e negativos? Vejamos:

Positivos: os que realmente se dedicam, com afinco, acabam conhecendo "por tabela" os seus direitos (digo "por tabela" porque no geral o que interessa à princípio é ter estabilidade financeira). Eles adentram nas regras do sistema e por isso veem de perto o movimento (teórico) da máquina estatal. A Constituição é conhecida, e com ela o funcionamento das principais peças do Estado - algo que, para um país que se preze, deveria ser ensinado desde a tenra infância. Além disso, os concurseiros devem se atualizar também com relação ao que acontece com o mundo, o que os leva a desbravar notícias mais nebulosas, que nem sempre aparece na mídia convencional. 



Negativos: a condição que nos impomos de que só poderemos realizar algo que REALMENTE queremos, no fundo de nossa alma, só depois que alcançarmos o resultado positivo, poda nossas intenções. Ficamos à mercê dessa condição maldita. Inúmeras pessoas passam ou passaram por isso, e me incluo dos que passaram, pois cheguei ao objetivo pretendido e agora "tiro o atraso" de tudo que pretendia fazer e não fazia.

Eu só queira ser adestrador de tubarões. Será que é pedir demais?

Mas, infelizmente, há mais pontos negativos...

Na minha atual condição, com todas as informações que agora disponho, posso claramente fazer uma análise de tudo isso. 

Comecemos pelo motivo primordial: o dinheiro.


Uma invenção perspicaz e que, de certa forma, contribuiu para simplificar as coisas (imaginem se ainda tivéssemos que conseguir as coisas com base na troca?). Contudo, tudo o que se propagou depois de sua origem foi se enrolando num novelo difícil de desemaranhar.

Vivemos em um mundo que o culto ao dinheiro é feito de maneira implícita (e muitas vezes explícita). Necessitamos dele para poder viver com nossos semelhantes. Necessitamos dele para ter uma vivência decente em que podemos nos alimentar e ter um lar. Nascemos em um mundo na qual há um preço para se permanecer VIVO!

É possível sair de seu alto poder de persuasão? Sim, desde que você seja auto-suficiente e não se importe em viver isolado.

Já ouvimos muito isso: "Poucos com muito e muitos com pouco". E por que ouvimos isso? Qual seria a razão básica para que haja essa desigualdade absurda?!

Nada como umas "notas altas" na escola.

Pensem nisso: Um pessoa foi agraciada com um grande dote. Assim como ele, outros, que conquistaram suas riquezas materiais ou subjulgando ou herdando ou conquistando, formam um clube de ricos. Obviamente, não há espaço para muitos integrantes e, por isso, este clube se fecha e passa a agir de uma maneira que outros nunca alcancem o que eles alcançaram, pois, de maneira alguma, eles não vão querer perder o poder e o prestígio que exercem sobre os demais.



Com a riqueza, é fácil ter conhecimento. E conhecimento é poder! Formas de controle são desenvolvidas, camufladas por uma falsa impressão de progresso e integração; de um benefício que fica aquém do malefício que traz.

Tecnologias são usadas a serviço da opressão. Formas de pensamentos que embotam ao invés de instigar. Promoção da opressão no lugar da liberdade. Um exemplo bem categórico? A MÍDIA CONVECIONAL.
Nenhum canal, tanto de TV quanto de rádio, e confiável.



As perguntas padrão: quem são os donos das emissoras? Qual é a influência que eles exercem no âmbito político, social, cultural? Que empresas eles apoiam? São ricos?

Com certeza eles são ricos! E pode ter certeza de que a influência é máxima, afinal, eles tem o controle da informação que chega até você!

Ao chegar em casa, após um trabalho estafante, o que você faz? Descansa lendo um livro? NÃO! Você pega o controle remoto e aperta POWER. É mais fácil quando toda a informação é mastigada, não é? Quando não há tempo a perder, nem para pensar no que lhe foi passado, não é mesmo? Quando a diversão se resume em apagar o seu cérebro dos problemas do dia-a-dia.



É interessante notar que os condicionamentos também pode ser divido por classes sociais. Os mais desvalidos se deparam com programas de cunho extremamente violento, bem no início da manhã (para já acordar acelerado), enfatizando que crimes são corriqueiros, que nas comunidades há um problema que parece não ter solução, que é para eles se acostumarem a ver um mar de sangue e tripas no chão. E o pior é que com o tempo eles acabam apreciando este tipo de programa ao invés de repudiá-lo. Assim como programas de auditório em que a humilhação e a extravagância tomam conta.

Já os mais favorecidos, os que possuem um nível "intelectual" padrão, podem desfrutar de uma programação em horários indecentes. Mas não se enganem, esses programas também vem carregados de segundas intenções, pois a fonte das informações é a mesma. Há apenas um suposto embelezamento nos programas, mas vendo-os profundadamente, se assemelham aos dos pobres em muitos aspectos.

O que nos diferencia uns dos outros é uma coisa só: a informação que temos!

A internet chegou como uma benção para os milhares de descontentes que já não aguentavam mais a velha programação massante, manipuladora. 

Agora voltando aos concurseiros...
Fui um concurseiro e sei o que milhares de pessoas estão passando neste momento. Fui agraciado com uma oportunidade e não a desprezo. Salário ideal? Nunca é. Mas aprendi que a satisfação pessoal, decorrente da interação com os colegas de trabalho, juntamente por estar num ambiente que queria desde o início, são mais importantes que o dinheiro em si. Sei que seria hipócrita se dissesse que não ligo para a remuneração, mas ela, infelizmente, é indispensável para alguém que participa do sistema.



Agora eu escrevo. E você? O que você está deixando de fazer? O que você, no seu íntimo, gostaria realmente de estar fazendo?

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