sexta-feira, 27 de maio de 2011

Na palidez da loucura: o voo das araras azuis.

Por mais que eu tampe os ouvidos, me encolha, sufocando-me numa concha, os risos ainda ecoam, porém o som angustiante gradualmente torna-se distante, ao ponto de se extinguir.

Desconfiado, levanto as pálpebras num átimo.

Eles haviam sumido!

Exultado e ofegante, ergo-me. Não havia qualquer ponto em que eu pudesse focar a minha vista. Infelizmente, a palidez de outrora persistia.

Mal sabia que seria por pouco tempo.

Ao longe, vários pontos azulados surgem no alto, e à medida que se aproximam, distinguo aves que, realizando voos aleatórios, veem em minha direção velozmente.



O bater das asas estronda, e do seu movimento vê-se as ondas sonoras repercutindo em volta, preenchendo o ambiente com suas ondulações. Do pálido vazio, distinguíveis traços multicoloridos tomam forma, alterando a imagem das aves, tranformando-as em majestosas rapinas, de longas e afiadas garras.

À medida em que se aproximam, as dimensões dos pássaros se alargam. Eles crescem sem parar!

O longo sibilo emitido por elas me obriga a tampar novamente os ouvidos. Encolher não me ajudará a livrar-me delas, porém posso ter a esperança da dúvida.

Escaparei?

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