terça-feira, 10 de maio de 2011

Aconchegante chama.



As noites estão nebulosas. Uma enorme escuridão. Praticamente infinda.

A chuva continua caindo. Isso já há três dias. O que deixa meu ânimo baixo, sem qualquer expectativa de subida.

Eu, internamente, antevia todo este atual aspecto desalentador da natureza. Era justamente por isso que seguia para longe do litoral.

Buscava proteção como consequência de um futuro evento? Talvez.

Estava completamente empapado, com a nauseante sensação de fadiga. Contudo, minha jornada deveria seguir, firme. O tempo perdido tentando sair da vila que circundava o castelo deveria ser recuperado.

Mais à frente, distinguo uma pequena chama. Ao me aproximar, vejo que ela está protegida do aguaceiro por uma tenda aberta nas laterais.



Um grupo formado por dois casais se aqueciam próximos à fogueira. Será que devo solicitar abrigo?

Meus dedos passeiam por dentro do aljorge, tateando em busca da bendita poção que me transformará em alguém mais apresentável. Cederei à tentação? Deveria seguir para longe dali, mas um ímpeto de move para aquele aconchego.

Dou apenas um gole. Mal tenho tempo de guardar o frasco e já sentia as modificações. Todo o meu corpo se metamorfoseou num ordinário homem que ninguém notaria à primeira vista.

Assim, encaminho-me em direção a eles.

Olá.

Todos me olham de imediato, com as expressões paralisadas na última coisa dita por um deles. Ninguém se manifesta.

Não gostaria ser inoportuno, mas será que posso dividir o espaço com vocês?

Logo, o semblante de todos ameniza ao me discernirem com clareza.

Daí, eles continuaram conversando sobre amenidades e, sob o tilintar dos pingos, o crepitar dos galhos consumidos pela chama, adormeci.

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