terça-feira, 21 de junho de 2011

Na palidez da loucura: THX 1138

Senhor?

Três pessoas, dois homens e uma mulher, todas calvas e de roupas brancas, estavam defronte de mim com uma expressão de surpresa. Imagino que não tanto quanto eu deveria estar.


Quem são vocês? O que fazem neste inferno alvo?!

Eles olharam entre si antes um dizer:

Buscamos a saída desta prisão. Estamos caminhando já algum tempo... Mas temos esperança que logo logo iremos encontrá-la. À propósito, pode me chamar de THX 1138. Estes ao meu lado são LUH 3417 e SEN 5241.

A estranheza dos nomes por si só dava margens a inúmeras confabulações à miúdos ávidos por uma boa história, mas toda aquela palidez febril permitia-me somente mergulhar na resignação.

Gostaria de participar desta empreitada.

Eles novamente olharam entre si. Não houve ressalvas.

Reuni meus parcos pertences e desandamos por uma estrada inexistente, enterrada na brancura infinda.

Abruptamente, THX 1138 iniciou um monólogo:

O nosso mundo carece de expectativa. Somos inteiramente dominados, de corpo e alma. A religião é apenas um subterfúgio para nossas almas carentes. O Estado impera. Condicionamento total: como se portar, o que comer, o que vestir, o que assistir... A esperança uma vez passou perto, mas nesta porta ela não bateu, e assim se distanciou de nós. Talvez indefinidamente. Somos apáticos. Somos marcados. Fomos dominados pela apatia.

Atento a cada palavra, apenas absorvo aquelas informações. Sem interrupções.

Uma vez senti amor. Amor verdadeiro. E ele me foi arrancado por remédios e shows de TV. Aqui está ela, tão melancólica quanto eu... LUH 3417, nunca pude demonstrar afeto. Tudo é tão Admirável Mundo Novo, tão 1984! Por causa dos meus sentimentos, fui confinado. Contudo, reencontrei quem buscava e agora ela, narcotizada, a contra gosto caminha comigo. Mas sairemos deste inferno!



Como que atendendo às súplicas de THX 1138, uma forma se avista ao longe, vindo de encontro a nós. Era um negro alto. Apesar de também usar uma roupa alva, ele era uma contrastante figura naquele oceano branco.

A salvação? As armas em punho apontadas ameaçadoramente para a gente talvez significasse um não.

Tínhamos que arriscar, afinal, que direção poderíamos tomar para nos proteger?

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