segunda-feira, 25 de julho de 2011

A jornada: o velho da cabana.

Era uma cabana ordinária. Parecia inacabada, mas da chaminé um filete de uma escura fumaça cortava o céu.


A mulher que teimou em me acompanhar desistiu após o tremor, lembrou de sua caríssima coleção de peças de porcelana que estava numa mesa sem qualquer borda que a impedisse de despedarçar-se no chão. Além do que, também havia o seu papagaio de estimação, o Celulose, que poderia estar apavorado, o pobre.

Agradeço à coleção e ao Celulose por atraírem a atenção da mulher. Agora poderei retormar o rumo que tento seguir desde os avisos premonitórios do Horácio.

Antes de prosseguir, no entanto, decido arriscar pedir água, pois o que trouxera há muito tinha acabado e os meus lábios, ressecados por natureza, estavam numa situação deprimente.

Aproximo-me furtivamente da frente da cabana. É quando ouço uma melodia alegre, contagiante, escapando de dentro. Um talento nato numa situação tão deplorável?!

Antes do meu punho acertar a porta, a música cessa bruscamente, como um disco cuja agulha é abruptamente puxada.

Quem está aí?

Sinto-me tão intimidado com o ato antecipado que não consigo emitir nenhuma palavra.

Eu sei que está aí, quem quer que seja! Por favor, não se acanhe! Entre, a porta está apenas encostada.

Quando entro, digo:

O senhor deposita muita confiança em estranhos...

Não há nada de valor aqui para ser roubado. Quer dizer, a não ser o meu violino, mas ainda assim, bem deteriorado.

Percebi pelo olhar vago que se tratava de um cego. Um senhor cujas madeixas grisalhas e os sulcos em forma de rugas ostentam a avançada idade.


Só gostaria de pedir-lhe para encher o meu cantil.

Ora... Por que não toma um chá comigo? Estava esperando a chaleira apitar e, pelo que ouço, está fervendo!

Deixe-me ajudá-lo...

Não se preocupe, filho. Estou bem habituado à minha velha cabana.

O senhor da cabana me inspirava confiança. E o fato de ser cego deixava-me à vontade. Acredito que finalmente poderia ter um instante de sossego desde que iniciei a jornada. Um verdadeiro momento de sossego.

Um comentário:

  1. Papagaio CELULOSE hehehehehheheheheh massa demais. ficou muito massa a andamento da história desde a última que eu tinha visto do gato a jato
    falou brou
    mulecagem de porra
    recursos...

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