quarta-feira, 13 de julho de 2011

A jornada: mexendo o esqueleto.

O chão começou a tremer. Não achei inteiramente ruim esta fatalidade, pois tal fato calou a irritante mulher, que teimava em me seguir, por um instante precioso. Ela parecia tão abalada com o tremor que nem frases chorosas de desespero foram emitidas.


Eu sabia o que se passava. O inevitável chegara. O motivo maior de ter abandonado o litoral. Mas como não havia me distanciado o bastante da costa, acredito que possa ser acometido pelo mesmo fim que suponho ser destino de todos que ficaram na vila.

A mulher agarrara-se a mim. Ela tremia. Com certeza não sabia o que a esperava, mas um terremoto tende a causar esta impressão nas pessoas. Ainda mais quando sabemos que por estas paragens a probabilidade disto ocorrer é infinitamente remota.

O chão! As colinas! Veja!

Uma enorme fissura rasgava a floresta, que por dentro da mata víamos árvores inteiras sendo engolidas por buracos recém abertos. O estrondo provocado por esta ruptura era assustador.

Sem muitas opções, tratamos de nos distanciar dali o mais rápido possível. Corríamos em ziguezague, não por que queríamos, mas devido às circunstâncias.

E tão abruptamente surgiu, o terremoto cessou.

Ainda ofegantes, encaramo-nos. Apesar de nossos atritos, sabíamos que tal experiência nos uniria; era o pavor do inesperado conspirando na insistente relação de duas almas fadadas a não terem qualquer simpatia uma pelo outra. Bem... pelo menos até eu conseguir deixá-la à salvo.

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