Por mais que eu tampe os ouvidos, me encolha, sufocando-me numa concha, os risos ainda ecoam, porém o som angustiante gradualmente torna-se distante, ao ponto de se extinguir.
Desconfiado, levanto as pálpebras num átimo.
Eles haviam sumido!
Exultado e ofegante, ergo-me. Não havia qualquer ponto em que eu pudesse focar a minha vista. Infelizmente, a palidez de outrora persistia.
Mal sabia que seria por pouco tempo.
Ao longe, vários pontos azulados surgem no alto, e à medida que se aproximam, distinguo aves que, realizando voos aleatórios, veem em minha direção velozmente.
O bater das asas estronda, e do seu movimento vê-se as ondas sonoras repercutindo em volta, preenchendo o ambiente com suas ondulações. Do pálido vazio, distinguíveis traços multicoloridos tomam forma, alterando a imagem das aves, tranformando-as em majestosas rapinas, de longas e afiadas garras.
À medida em que se aproximam, as dimensões dos pássaros se alargam. Eles crescem sem parar!
O longo sibilo emitido por elas me obriga a tampar novamente os ouvidos. Encolher não me ajudará a livrar-me delas, porém posso ter a esperança da dúvida.
Escaparei?