sexta-feira, 26 de março de 2010

A resposta fundamental.

"Horácio!", lá estava eu precisando desabafar com aquela massa translúcida e disforme. "Onde está você, Horácio?", e ele tinha simplesmente sumido. Eu não podia esperar. Não dava segurar ,toda excitação transbordava, louca para manifestar-se; e aquele infeliz não estava ali para eu compartilhar tão sublime exaltação.


Procurei por todos os antros do castelo. Até me aventurei em locais que antes nem sequer me arriscava. O desespero só aumentava.


Quando minha busca se mostrava infundada, encontro-o assistindo televisão num compartimento que ele julgava secreto.


"Aí está você! Quantas vezes eu já lhe disse para não ficar vendo o que essa caixa de metal tem a dizer? Você sabe muito bem que todas as informações passadas têm fundamentos no mínimo suspeitos?!"


"Bem, eu, quer dizer..."


"Está vendo?! Além do mais, ainda deixa-o aturdido, débil e incapaz de pensar numa resposta satisfatória!"


"Tudo bem, meu caro. Perdoe-me a falta de tato. Apenas tentava diminuir minha gigantesca sapiência, pois você bem sabe que tenho me adaptado numa vagareza sem tamanho. E a televisão tem cooperado em acelerar o processo de adequação a esta atual dinâmica dos novos tempos."


"Tá bom. Deixe minha raiva para depois. O que tenho a dizer-te é sumamente mais importante."


"Pois então diga de uma vez."


"Descobri que nada faz sentido!"


A mudez do espectro e seu posterior desaparecimento gradativo mostrou-me que também preciso me adequar aos novos tempos.

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