quinta-feira, 11 de março de 2010

Caso platônico inacabado.

Um belo dia de outono, quando as folhas secas realizavam trajetórias incertas em direção ao chão, encontrei um pedaço amassado de papel. Curioso em vê-lo ali, tão perto do meu lar, resolvi examiná-lo, mas não sem antes ter certeza de que ele não tenha sido usado para fins higiênicos desesperados.

Ao constatar que o papel apenas estava sujo pela poeira que acumulara em suas dobraduras, peguei-o, desdobrei-o e li. Assim estava escrito:

"Desdenhosos olhos de amora, tão vívidos quanto a abóboda celeste vista numa região privada de enegia elétrica, sendo esta manifestada por cabos rígidos, em suas posições majestosas, olhando com desdém os humildes usuários que passam sob elas, à procura de algo ou alguém que mostre o significado do porquê de tamanha indiferença tua para comigo.

Caminhar suntuoso, carregado de volúpia e esbanjando insensatez. Quantas vezes serão necessárias até que o magnetismo descarrgado pelo teu simples rebolar permeie meus globos oculares, maculados com tal afronta da tua parte?

O que mereço eu, em te curtir isolado, insinuando momentos, imaginando sentimentos? Mãos calejadas e orgulho ferido, apenas.

É por isso que estaciono debaixo de uma árvore, buscando a sombra que me impeça de queimar. Encostar o dorso no deformado caule e saborear o momento de descanso. Talvez retirar um livro lido pela metade e conclui-lo lá. Esquecer de tua existência."

Desde logo, simpatizei com o sentimento manifestado. Por isso, hoje tenho-o emoldurado na parede da sala.

2 comentários:

  1. EU NUM PRECISO DIZER NADA... SABE QUE SOU SUA FÃ!
    E FICO FELIZ POR TER GOSTADO E CHAMADO MEUS DESABAFOS DE POEMAS. ENTÃO, FICOU SURPRESO?! ESPERO QUE TENHA SIDO UMA BOA SURPRESA!
    BJOOOSSS!
    E SIM, ERA SOBRE O ORELHÃO!

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  2. Gostei... Senti empatia imediata, pude sentir o cheiro do vento, a sensação de sentar sob a copa da árvore e a textura sobre as minhas costas. Além de, perceber o desejo só contido pela ausência. É disso que falava sempre: a descrição do ambiente e das sensações que provocam são o primeiro passo para que o leitor sinta que faz parte da trajetória do persongem, mesmo uma curta ou pontual.


    Abraços


    Milena

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