Um cheiro adocicado penetra o cubículo vindo do mar de petúnias que cobre a base do meu castelo. Apesar de não me preocupar com jardinagem, elas permanecem vigorosas, ímpavidas diante dos transtornos incessantes da região, como a seca e a umidade discrepantes e súbitas.
Ao avistá-las diariamente, encho o peito do inebriante ar que liberam e retomo às minhas experiências, sempre revigorado.
Hóracio, ser imaginário que vaga pelas redondezas, atormenta-me com suas questões insensatas:
"Acredita mesmo que ninguém é reponsável pela beleza insultante dessas plantas tão estupidamente alinhadas?" ou
"Por que elas continuam a brotar, se não a queremos aqui? O indivíduo intrometido deveria quedar-se num espasmo, ao ínves de cometer tamanha afronta. Ele realmente pensa estar prestando um benefício, não é mesmo?"
Entre tantas outras indagações tão desnecessárias.
Ignoro-o, voltando a minha atenção para um ser que criava. Tão singelo, tão único, tão tão... mordaz.
Todo o processo de concepção do ser será detalhado numa próxima oportunidade.
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