quarta-feira, 29 de junho de 2011

Na palidez da loucura: um jantar para quatro.

O homem bem que tentou, mas das suas armas apenas o som apareceu. Nem fumaça manifestou-se dos canos, que apáticos derreteram.

Olhamos para ele, num misto de alarme e pena. Ele não deu à mínima.

O estranho livrou-se das armas e, levando a mão esquerda até a testa, puxou um zíper que antes eu não notara. E como uma roupa que você tira, a forma externa que se apresentou a nós deu lugar a um ser de derme azulada e cabelos rosa eriçados, corpo incrivelmente delgado, cujas vestes de garçom, de tão impecavelmente alinhadas, mareavam os olhos com sua fineza.

Vimos pasmados o corpo negro, um amontoado de pele, amarrotado no chão. Com total indiferença, o novo homem (se posso chamá-lo assim) deu um pulo para frente e em seguida ciscou sua "roupa" para trás.

Com as íris intensamente apontadas para nós, ele soltou-nos o ultimato:

Daqui vocês não seguem. A não ser...

Daí ele puxou de trás de si uma bandeja coberta, de cujas frestas podia-se notar a intensa saída de vapor.

Antes de qualquer movimento de algum de nós, uma mesa totalmente paramentada para um jantar refinado, juntamente com quatro cadeiras, emergem do chão branco até se firmar numa altura razoável.


Disso, o homem completa a sentença, ao mesmo tempo em que retira a tampa:

... que provem este saboroso café no canudinho!

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