Como era possível respirar? O satélite não possuía atmosfera. Não podia nem sequer ouvir meus passos na imensidão desértica enquanto buscava algo de extraordinário em meio a desolação.
Apesar da fantástica vista proporcionada pela escuridão persistente, a absurda sensação de solidão fez meu coração acelerar. Inexplicavelmente, as funcionalidades de meu corpo não pareciam propensas ao colapso do ambiente hostil. Ao contrário, elas se adaptaram.
Quem, ou o que tivesse feito isso comigo, eu intimamente agradecia a oportunidade de permanecer vivo. Mas precisava encontrar algo que afastasse de mim a senilidade.
Felizmente, minhas preces foram atendidas.
Mais a frente, uma torre pálida como a lua cortava o céu estrelado e uma fagulha azulada escapava do seu topo.
Uma luz na escuridão - Foto de Miguel Lucena. |
Diante desta visão segurei a respiração (algo que não precisava, mas a emoção incondicional tomou conta de meu corpo, resvalando as lembranças de antigas sensações). Resoluto, segui em sua direção, admitindo a impossibilidade na certeza de encontrar vida inteligente ali.
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