Batidas firmes na porta principal. Rítmicas. Sem esmorecimento.
Ao abrir, deparo-me com uma miúda, beirando seus 19 anos.
Por favor, gostaria de desabafar.
Minha expressão levou-a a repetir, e acrescentar:
É muito importante que me ouça.
Dei de ombros e permiti que entrasse no castelo.
Seria possível irmos a uma das torres?
Indiquei o caminho e, uma vez lá, ela sentou-se na cadeira mais confortável que consegui arranjar. Daí então, iniciou seu monólogo:
As pessoas se amontoam para entrar num cubículo retangular, a fim de elevarem-se até o décimo andar, sem saberem que, dentre elas, alguém insatisfeito planeja um ato brutal contra si. Não importa os motivos, apenas o resultado da ação. As perguntas virão. Abismados olhos fitarão o corpo inerte, empapado no líquido rubro que só cresce. Mas de nada adianta os lamentos, nem as lágrimas dos mais sensíveis. Ele simplesmente falecerá.
Umedecidos, dos glóbulos oculares uma torrente traça seu caminho pelas bochechas. Ela seca com as costas da mão.
É isso, Frank. Uma fatalidade. Um salto para a morte. Com ele já são três neste ano.
Silêncio.
Obrigada por me ouvir.