segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Vagareza sobre rodas.

Hoje se fala muito no grande problema no trânsito, com seus infinitos congestionamentos e lentidão latente. Mas muitas pessoas não se perguntam o motivo maior de isso ocorrer: CARROS. E não me refiro à animação da Pixar.



Façamos um estudo de caso. Peguemos um trabalhador de classe média. O pobre mora a uma distância considerável do local de trabalho, tendo que acordar pelo menos três horas antes a fim de não se atrasar. Depois de todos os passos indispensáveis, ele se dirige para a parada e aguarda a condução, que vem geralmente abarrotada. No aperto em que se encontra, ele não para de pensar na possibilidade de adquirir um carro e livrar-se desse tormento. Assim como ele, centenas de rostos infelizes contemplam o vazio nas suas vidas desperdiçadas em duas horas ou mais de trâfego. O jovem relembra em sua mente as propagandas da televisão; da sensação de liberdade que um veículo pode proporcionar; até as ruas antes abastadas tornam-se vazias, como num milagre. Daí então, a decisão é tomada: vai comprar um carro. Mas as coisas não são tão simples como parecem. Um empréstimo injusto deve ser firmado e um carro com valor além do que ele realmente vale deve ser escolhido. Taxas e mais taxas extras devem ser pagas. Contudo, eis o miraculoso objeto à sua disposição. Mas, outros impasses surgem: o trânsito não melhora por ele ter um carro; é sempre uma preocupação deixar o veículo numa difícil vaga, nas mãos de alguém que lhe cobra um valor indevido e ainda o ameaça caso não cumpra com o combinado; e ainda têm os eventuais custos adicionais que acabam aparecendo com o uso do carro. Tudo isso vai arredondando numa bola de neve já grande.

O problema atual do entupimento das vias se deve principalmente ao absurdo número de automóveis existentes. E isso poderia ser resolvido de uma maneira simples: através do melhoramento das conduções públicas (aumento na frota já seria um bom começo). Entretanto, se houver esta atitude, como motivar as pessoas a comprarem carros? Se elas não se sentirem ultrajadas diariamente, como elas se sentiriam decididas a entrar num oceano de prestações de juros abusivos?

Todos têm o direito de ter um carro, de poderem locomoverem-se livremente, mas a verdade é que muitos o compram por uma inescapável necessidade. Felizmente, apesar do sistema nos impor esse horrível ciclo de martírio cotidiano, há muitas pessoas preferindo meios de locomoção alternativos, como bicicletas, por exemplo. E é neste pensamento que muitos outros deveriam se inspirar.

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