"Há algo que eu possa fazer a respeito?", estava pronto para encarar o mundo.
O robô havia desaparecido em meio à confusão que se instalara antes mesmo de eu completar a pergunta. Para aonde se dirigiu faria parte agora do meu enorme repertório de questionamentos sem resposta.
Enquanto buscava um direcionamento de ação fui surpreendido por uma súbita calmaria. Por um eterno segundo, o silêncio se impôs. Era imperceptível o mais ínfimo som. Mas logo perdera a majestade por uma cacofonia de cacarejos. Isso mesmo: cacarejos.
Voltei minha atenção à inconfundível, porém incongruente manifestação (diante do local em que estávamos) galinácea. E, para minha pasmada constatação, a suspeita não era infundada! Ali estavam, bem representadas, duas galinhas (estranhamente austeras no caminhar) trajando vestimentas lindamente ornamentadas.
Elas primeiro se encararam, com profunda seriedade, numa mútua concordância de balançar de cabeça. Depois, fitaram-me de olhos semi cerrados. Uma delas toma à frente e cacareja.
Obviamente, mesmo com a super inteligência que pulsava no meu ser, não entendi patavinas. O que tornava difícil era que não adiantaria nada pedir para ela repetir. Ou talvez eu pudesse perceber as nuances, as repetições, as entonações, mas eu precisaria de tempo, afinal, era uma nova língua a ser aprendida.
Como que adivinhando o impasse que nos impedia de conversar, a galinha que se adiantou girou um botão na altura do pescoço, soltou um pigarro demorado e novamente tentou:
"Este satélite é seu?"