terça-feira, 17 de setembro de 2013

Crônicas de Igor (3) - A Estação.



Uma porta, escancarada. Na verdade, uma passagem retangular, sem nada que impedisse alguém de cruzá-la. Dela, uma tênue luz escapava, sorrateira.

Parei por uns instantes à sua frente, aguardando qualquer movimento. Contudo, o cenário insistia em sua inalterabilidade. Vistoriei os arredores, sem pressa. Nada.

Vendo que não haveria problemas, entrei. Por um momento, minha vista embaçou, forçando-me a acostumar à incandescência que a princípio não aparentar ser tão forte.

"Olá", a voz metalizada surpreendeu-me, mas não a ponto de fazer um escândalo. Era um robô humanoide, sem adereços.

"Oi", aguardei apreensivo um sinal de resposta.

"Bem vindo à Estação", abriu os braços e curvou-se enquanto dizia. O zumbido do movimento era agradável. Quando falava, uma luz cintilava na região bucal. Dos olhos, amendoados e escuros, pude perceber uma leve claridade lilás.

Esperei o próximo passo. Ele voltou à posição original e falou:

"Gostaria de conhecer o lugar?"

Fitei-o, desconfiado, mas, no fim, dei de ombros e disse:

"Ora, por que não? Vamos lá!"