segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Calombos.

Frank, há inúmeros calombos nas minhas costas. E pior, brotoejas surgem em praticamente todas as partes do meu corpo. Sei que você mencionou os nutrientes e como isto nada mais é que um efeito colateral deles, mas, não querendo preocupá-lo, pois, como você sabe, a surpresa e a preocupação inexistem em mim, isso não irá piorar, vai?

Estou trabalhando neste momento numa forma de minimizar os danos e reverter o excesso, mas o faço demoradamente, pois se você estivesse operacional e não sucumbindo à fórmula eu...

Você disse "sucumbindo"?

Eu disse isso?! Não, nada disso! O que quis dizer foi... Ah! Tudo bem! Foi isso mesmo que disse. Devia ter percebido isso quando vi minhas cobaias transformando-se numas entidades disformes e molengas. Desculpe, Igor, mas não sei se há salvação para você...

Tudo bem, Frank. Não pensei que fosse sair vivo quando estive no quarto do pânico. Parece que foi uma o destino me pregando uma peça. Enfim, se for assim, adeus. Foi um prazer.

................ Não! Não posso deixar você desaparecer assim, passivamente! Você tem que resistir! Vamos! Lute!

Adeus, Frank.


E como numa cena de filme de terror, Igor deforma-se cada vez mais. A princípio, parecia um halterofolista que exagerou na inserção de "bomba". Contudo, logo bolhas de superfície ultrafina e tremeluzentes avolumam-se como montanhas revolvidas por incríveis terremotos e, elevando-se, preenchem o espaço de maneira horrenda. Frank, passivamente, apenas se afasta do local, observando o resultado do seu experimento, sabendo que teria que limpar uma sujeira gigantesca.

sábado, 5 de novembro de 2011

O despertar.


 
Luz forte nos olhos. Uma claridade que machuca.

Que lugar é esse? Parece um castelo.

Apesar de estar com o corpo dolorido, não me sinto mal.

Até que enfim. Achei que se restabeleceria mais rápido com os nutrientes.

Quem é você?

Seu anfitrião. Chamo-me Frank. Não me pergunte como veio parar aqui. Assustei-me ao vê-lo desfalecido na biblioteca. Parecia estar lá há bastante tempo.

Por que, apesar de sua horrenda aparência, eu não demonstro qualquer perplexidade ou assombro?

Creio que seja um dos efeitos da alimentação experimental que usei em você.

Espere um momento... Experimental?

Pois é... Estava dando certo com porquinhos da Índia, resolvi arriscar. Apesar de agora eles estarem um tanto quanto mais espertos e armando alguma cilada para mim. Hehe. Aqueles danadinhos...

Perdi qualquer lampejo de surpresa que possuía.

Mas não se preocupe, descobri que há muitas virtudes adquiridas com o processo. Por exemplo: houve um aumento absurdo em sua capacidade cognitiva.

E como você sabe se não fiz nenhum teste?

Tomei a liberdade de medir alguns dados mentais seus. Está tudo aqui registrado. Dados comparativos comprovam que você melhorou em cem por cento sua habilidade de conhecimento. Você é uma esponja de informações humana.

Certo. Ei, espere... sinto um calombo nas costas.

Talvez seja apenas um efeito colateral básico.

Se é assim, sim.

Agora, jovem, diga-me: como se chama?

Ah, claro, que indelicadeza de minha parte. Igor, ao seu dispor.

Igor, a partir deste momento, nomeio-o meu assistente!


OBS: a imagem que ilustra o início deste post pode ser encontrado no site: http://www.underflash.com/a-incrivel-superficie-do-olho. Lá você encontrará mais imagens impressionantes do olho.