segunda-feira, 2 de junho de 2014

Crônicas de Igor (6) - Término antes do início.

Antes que pudesse me debruçar com verdadeiros achados, escritos provavelmente por inspirados autores há muito falecidos, tive minha ansiosa expectativa prematuramente abalada por um tremor de grande proporção, que lançara sobre mim uma chuva de grossos volumes.

O robô, aparentemente tão surpreso quanto eu, dirigiu-se apressadamente para o local em que afirmara existir um ponto recreativo.

Sem opções, desvencilhei-me do fardo que quase me enterrara e segui-o o mais depressa que pude.

Mesmo ele estando bem à frente, arrisquei:

"O que houve? Que tremor foi esse?"

Apesar de parca esperança em ser ouvido, o ser robótico, no seu usual tom monocórdico, respondeu-me:

"Estamos sendo atacados".

Atacados? Era estranho pensar nessa possibilidade. Ainda mais por estarmos num satélite. Quem atacaria um satélite?

Foi de imediato que soube a resposta: quem soubesse da existência de uma base nele!

Crônicas de Igor (5) - A biblioteca.

O robô seguia na frente, deixando-me absorto em meus pensamentos. Ele, no íntimo, devia imaginar (ou seria processar?) o quão maravilhado estava com tão descomunal cenário. Quebrou o silêncio apenas para passar mais uma informação:

"À frente de onde estamos, há uma área recreativa. Lá, você poderá deliciar-se tanto com uma leitura quanto testar suas capacidades gustativas".

Confirmei com a cabeça, sem averiguar se ele via ou não. Era impossível, para um admirador das artes, ficar impassível diante da magnitude literária que, lindamente organizada, dividia-se em inúmeras prateleiras que, paralelas, se estendiam em ambas as direções, perdendo-se na penumbra.

Estava decidido. Ali passaria um tempo indeterminado.